Spider-Man
Ele é forte, é de morte, é ativo e radioativo, tem balanço, é um avanço é pra frente, diferente, hey-ey!
Não sei precisar o momento exato no qual eu virei fã do Cabeça de Teia. Apesar de ter tido contato ainda muito pequeno com os gibis da Marvel, provavelmente foi ainda antes disso, pois me recordo vividamente de brincar como o herói, talvez por conta dos três desenhos animados que passavam na TV (e que achava que era um só, a exemplo do que acontecia com os dois
Ultraman). A admiração pelas aventuras dele ainda dura até hoje, pois ainda é o único gibi mensal que compro regularmente desde que voltei a colecionar quadrinhos, coisa de uns vinte anos atrás. Óbvio que o interesse pelo personagem também se estende a outras mídias, como o cinema (o
De Volta Para Casa aos meus olhos é quase perfeito) e também os videogames. Desde o divertido título do Atari, passando pelo arcade beat 'em up e o inesquecível primeiro jogo do PS1, até iterações mais modernas - não vejo a hora de sair esse do PS4! - alguns dos jogos do teioso estão na minha eterna lista de favoritos. É o caso deste
Spider-Man vs. The Kingpin, um dos meus títulos do coração do Master System e que ontem me saltou aos olhos na lista em um momento necessário...
A história é puro suco de gibi: o Rei do Crime aparece na TV acusando o Aranha de ter escondido uma bomba que irá destruir a cidade em 24 horas. Isso coloca as forças policiais atrás do coitado (para variar...) e ele precisa não apenas salvar Nova York mas também limpar seu nome. De repente, ele é visitado pelo Doutor Estranho, que acredita em sua inocência e indica os possíveis vilões que estão em conluio com o Rei do Crime nessa operação: Dr. Octopus, Lagarto, Electro, Homem-Areia e Duende Macabro, além do sempre imprevisível Venom. O Aranha precisa então derrotá-los e pegar com cada um as chaves que desarmam a bomba, além de localizar e lutar contra o Rei. Um dia normal na vida do aracnídeo, como se vê. Tudo isso com bons gráficos inspirados pela fase do Todd McFarlane à frente do título, ali no finalzinho dos anos 80, como fazem notar o desenho do próprio Aranha, o estilo das teias, Mary Jane com cabelo esvoaçante e também uma "visitinha" famosa que o herói recebe em seu apartamento, mencionada no final.
Embora a MJ do John Romita ainda seja a minha preferida, a esvoaçante do Toddinho tem lugar em todo coração de fã.
Mesmo soando parcial por conta do meu amor pelo jogo - que, a exemplo de vários títulos enfrentados aqui, eu não jogava desde o meu primeiro Master - posso afirmar que é um dos melhores cartuchos do console. Inclusive, eu o acho mais interessante do que a versão Mega que o inspirou. Obviamente os gráficos e o design das fases são mais simples, mas o esquema geral do jogo e as
cutscenes compensam essa diferença. Os controles são ótimos, a ponto do feito de se balançar na teia e escalar as paredes ficar natural após alguma prática. A opção de se pendurar, aliás, é uma boa maneira de economizar tempo, visto que o personagem anda bem devagar*. Além dos socos, rasteiras e voadoras (que tiram um pouco mais de energia que os outros ataques), o Aranha pode prender os inimigos com disparos de teia, paralisando-os por alguns segundos - inclusive os chefes.
(*além de lento, ele ainda anda de uma forma muito hilária, como se estivesse praticando marcha atlética. Aliás, os programadores custaram a fazer um Aranha que se movimentasse direito em jogos... Na versão de Mega, ele parece um lutador fazendo uma encarada pré-luta. Já no arcade, ele se mexe como alguém que acabou de acordar e ainda não tomou café - ainda assim, é um dos melhores jogos da história)
Falando no teia, ela é um elemento muito peculiar do jogo. Como quase em toda encarnação digital do Aranha, ela tem uso limitado e os cartuchos precisam ser recarregados. Só que, em vez de serem recolhidos como itens, o pobre Aranha precisa comprar os elementos necessários para fabricar a teia, sendo para isso necessário trabalhar para juntar essa quantia. Em sua identidade secreta de Peter Parker, à época fotógrafo do jornal
Clarim Diário, ele precisa tirar fotos dos inimigos e vendê-las entre as fases para Robbie Robertson, o editor chefe do periódico. Embora seja possível tirar um rolo de 24 fotos durante cada fase, vale mesmo a pena tirar apenas uma ou duas fotos do chefe de cada uma, cujo valor já é suficiente para cobrir a compra de uma boa quantidade de teias. Para tirar as tais fotos, basta acessar um menu durante as fases através da estranha combinação segurar 1 + apertar 2 (que o manual insiste em chamar de 1+2, comando que não funciona) e escolher o ícone da câmera.
Desfilando o uniforme negro pelo parque, prestes a bater em uns caboclos que parecem saídos de Double Dragon
Falando no tal menu, é possível realizar outras operações através dele, desde desligar as
cutscenes e música como também usar um ícone com a cara do Peter, presentado pelo Doutor Estranho**, para voltar ao seu apartamento. Essa operação se faz necessária caso você esteja com pouca energia, visto que não itens que a recuperem ou mesmo vidas extras coletáveis; a única maneira de recuperá-la, operação que também pode ser realizada entre as fases, é descansando no apartamento de Peter, sacrificando um pouco do tempo restante para cada porção de energia ganha. Essa prática deve ser usada com cautela na dificuldade mais alta, pois caso o tempo acabe o jogo termina na hora, gerando uma cena na qual Peter rasga a máscara em desespero e lamenta a perda de todos que ama.
(**pequeno erro de cronologia aqui: na época em que é possível perceber que a história se passa, Stephen Strange ainda não sabia a identidade secreta do Aranha. Então, como ele sabia onde encontrar o herói e também sua aparência? Sim, eu sou desse tipo de fã, me processe)
O jogo em si é tranquilo, não é aquele tipo de título que você vai zerar de cara porque, além da vida única e da inexistência de continues, algumas fases precisam ser entendidas antes de serem passadas. O chatíssimo estágio do Electro, com descargas de energia que precisam ser desligadas via alavancas antes de se cruzar algumas partes (senão, é morte certa) e a posterior etapa de se pegar a chave que exige decorar um padrão esquisito dos raios elétricos, são bons exemplos disso. Ainda assim, é um bocado agradável. As diferenças nas dificuldades estão no número de inimigos que precisam ser derrotados para que os chefes apareçam, a energia dos mesmos e o dano causado, bem como a quantidade de chefes que ressurge à lá
Mega Man no momento de desarmar a bomba com as chaves. O bonitão que vos escreve resolveu pegar
Spider-Man vs the Kingpin direto na dificuldade mais alta, Nightmare, achando que ainda tinha a familiaridade com o jogo como na infância, e se ferrou de verde e amarelo, ou melhor, de azul e vermelho. Mesmo tendo derrotado todos os chefes - o processo é quase sempre o mesmo: encher de teia, dar um golpe, correr e repetir a operação, só o Duende Macabro dá mais trabalho - eu descansei demais, perdi muito tempo e relógio zerou pouco antes de chegar nas bombas. Pequena lição de humildade do dia: pega leve, velho ansioso. Após algum "reconhecimento", terminei o jogo de boa no Difficult (que seria a dificuldade média) mas ainda precisando melhorar um bocado. Mais um jogo em cartucho que precisa integrar a minha coleção, preciso voltar a ele com calma em outro momento.
Press Button 1 to continue, press button 2 to GAME GEAR.
Um detalhe: além do desafio em si, existe um par de motivos para ter tentado o jogo de cara no Nightmare, os dois
easter eggs do jogo só aparecem nesse modo! O primeiro deles é a possibilidade de mudar a roupa do Aranha para o famoso uniforme negro, meu visual favorito do herói. Para tanto, basta afundar no esgoto na parte da chave do Lagarto e apertar baixo+2. Já o outro é um minigame escondido de
Pac-Man, com temática do Aranha e acessível via estágio da chave do Electro; após recolher a mesma, caia para o lado esquerdo da tela, pegue o Game Gear(!) que aparece e divirta-se ao voltar para o apartamento de Peter.
Jogo obrigatório do Master, que também cai na minha categoria favorita de "
ports que não querem ser jogo de Mega, mas sim um bom título do Master", que me faz gostar tanto do console. Para ter na estante, com caixa e manual... Ah, e falando em manual, já ia esquecendo! A Tec Toy cometeu um par de deslizes na tradução do manual, talvez por certa falta de familiaridade com os quadrinhos do Aranha... Temos nele "Dr. Polvo" (a editora Bloch, na década de 70, deu esse nome a ele também, embora a EBAL tivesse traduzido como Octopus anos antes), "Homem de Areia", "O Duende" e, meu favorito, "O PEÇONHA"