No começo da última madrugada terminei
Shenmue III. A parte da postagem onde falo sobre o final está escondida na tag de spoiler, então não se preocupe em ler se ainda não tiver terminado.
2019 definitivamente foi o ano de Shenmue, não apenas pelo tão aguardado retorno mas pessoalmente para mim, pois foi o ano em que tive o primeiro contato e fui "contagiado pela Shenmue mania". Mesmo tendo Dreamcast desde o lançamento, na época só jogava discos piratas em CD e como os GDs originais têm capacidade maior, os pirateiros cortavam algumas coisas dos jogos para caber nós 700MB do CD. Sabendo disso, decidi que só jogaria o então badalado Shenmue quando tivesse original, para ter certeza que não estaria perdendo nenhum conteúdo. Os anos e gerações se passaram, acabei esquecendo. Em 2015, quando o III foi anunciado, fiz a contribuição que garantia a versão física para o PS4 e fiquei de correr atrás dos dois primeiros, acabei esquecendo de novo. 2019 chegou e como o terceiro finalmente sairia, não enrolei mais: comprei os dois primeiros para o Dreamcast no eBay, esperando apenas me situar na série antes do lançamento do terceiro, mas acabei percebendo por que Shenmue conquistou uma legião de fãs, acabei de tornando um deles mesmo com 20 anos de atraso.
Acabei jogando os três quase em sequência, o que foi legal já que é uma história contínua. Comecei o 1 em agosto, terminei em setembro, comecei o 2 em outubro, terminei no comecinho de dezembro e já iniciei o terceiro no dia seguinte. Jogar tão perto um do outro foi bom para poder comparar e sentir o quão fiel aos primeiros é a sequência lançada 17 anos depois e o quanto seria alterado para ficar mais em linha com os jogos de hoje em dia. Fora alguns pequenos ajustes, principalmente a câmera que é mais parecida com o padrão de hoje com aquela visão mais sobre o ombro, dá pra dizer que o Yu Suzuki não deu o braço a torcer e fez basicamente o mesmo jogo, mesmo correndo o risco de não ser bem aceito com os jogadores de hoje, mas certamente agradando os fãs que esperaram fielmente por tantos anos. É praticamente o mesmo tipo de experiência do Dreamcast, mas com os gráficos atualizados (mas nem tanto).
Ter sido usada uma engine tão disseminada como a UE e não algo feito internamente desde o primeiro bit dá um ar um pouco menos único e caprichado do que nos jogos anteriores, mas nada que estrague o jogo, longe disso. A direção de arte e a trilha sonora garantem a sensação de jogar um genuíno Shenmue. A performance, no entando, é um pouco ruim, com a taxa de frames caindo o tempo todo. No começo incomoda, principalmente vindo direto da versão de Dreamcast que tinha um frame rate bem mais consistente, mas acostuma-se. Mesmo com uma resolução abaixo de 1080 e um frame rate ruim, a ventoinha do PS4 parece um jato às vezes, mostrando o quanto o jogo é mal otimizado. No DC, por ser uma engine própria, os caras usaram melhor os recursos do sistema. Uma pena que não tenha saído para o Xbox One X, onde certamente teria uma performance melhor.
Chega de falar de detalhes técnicos, e vamos ao que importa, que é o que define Shenmue: a história. Como bem lembramos, Ryo vê o seu pai ser assassinado em sua própria casa, um artefato de família ser roubado, e parte em busca de vingança. Após investigar escobre que o nome do assassino é Lan Di e que ele saiu do Japão rumo a Hong Kong. Aí acaba o primeiro jogo, o segundo começa com Ryo chegando a Hong Kong, onde conhece novos amigos enquanto procura um mestre que pode dar mais informações sobre o paradeiro do assassino. Descobre que deve então seguir para uma vila distante nas montanhas para descobrir mais sobre os espelhos da fênix e do dragão, que é o artefato de família roubado por Lan Di, que aparentemente estão por trás do motivo do assassinato. Chegando lá, conhece Shenhua, que faz parte da família que há gerações construiu os misteriosos espelhos e que são a chave para um tesouro. Ambos partem para a caverna onde poderão encontrar mais respostas e assim termina Shenmue II...
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...e assim começa Shenmue III:
Assim como aconteceu entre os dois primeiros, a história continua exatamente do ponto onde parou, isso porque Shenmue não é bem uma série, é uma única história contínua que é dividida em diferentes capítulos.
O pai de Shenhua foi sequestrado pelo grupo de Lan Di, então os dois precisam investigar o paradeiro do vilão para não apenas salva-lo, mas também finalmente vingar o pai de Ryo.
Eventualmente, depois de 17 anos finalmente ambos ficam cara a cara e esta cena acontece
Bem no meio da luta, porém, uma até então subordinada de Lan Di o trai, coloca fogo no local onde estão para tomar o poder da organização e interrompe o tão aguardado embate. Ryo, algum tempo depois, descobre pelo pai de Shenhua que há um local distante atualmente tomado pelo grupo de Lan Di, deve ser para onde ele fugiu. E assim mais um capítulo termina, ainda sem conseguir vingar seu pai Ryo parte ao lado dos fiéis amigos, Shenhua e Ren, para quem sabe acertar as contas de uma vez por todas...
Alguns podem ter ficado putos pelo fato de mais uma vez o jogo terminar com um gancho para o capítulo seguinte que ninguém sabe se existirá, mas acho que Shenmue é isso, uma história que nunca vai terminar e o importante é a jornada. Espero que o 3 faca sucesso suficiente para que o IV seja feito, um V, e assim em diante. Eu com certeza comprarei todos
E no fim dos créditos, a mensagem de agradecimento de Yu Suzuki:
Jogão, não é melhor que o 2 mas faz jus à série, tenho certeza que todos que foram contagiados por Shenmue no passado ficarão satisfeitos com a tardia sequência.