Shinobi
A telinha com o último chefe "finalizado", porque eu me recuso a chamar aquele GAME OVER de final.
Pois é, eu nunca tinha terminado
Shinobi no Master, vergonha das vergonhas. A versão arcade (com muitos e muitos créditos envolvidos) já é outra história, mas o fato é que na época eu só conseguia chegar até o Masked Ninja e tomar um cacete federal das últimas formas de ataque dele. Outro dia, sei lá porque - não lembro se estava conversando com alguém a respeito, se vi algo que me remeteu ao jogo ou coisa que o valha - eu me recordei não apenas do fato de que eu não o terminei, mas também que definitivamente não me lembrava da última vez em que jogara a versão caseira dele! Sério, como eu não tenho o jogo, periga ter sido no meu Master original
Dito isso, o jogo ainda é o mesmíssimo clássico do console de sempre. Lógico que com o passar do tempo, a comparação do que o Master conseguiu fazer em termos de gráfico posteriormente e também a sempre inevitável comparação com o arcade o jogo é realmente um pouco mais simples visualmente, mas isso não importa um pixel. Basta comparar, por exemplo, com a versão do NES, ela sim bem prejudicada em relação ao original. Mesmo a versão PC Engine, que em termos de gráfico é praticamente o arcade, peca por não ter a variedade de armas, as fases bônus e - pasmem! - toda a fase do Black Turtle, você pula do Ken Oh para o Mandara direto! Eu achava um detalhe na história contida no verso do jogo um tanto curiosa, visto que ela dizia que o ninja Joe Musashi deveria salvar os filhos dos líderes mundiais sequestrados por uma organização criminosa. Só mais crescido eu vim a descobrir que na verdade, na versão japonesa, eram os estudantes do clã ninja, o que justificava todos eles serem carecas e usarem quimono
Outra coisa hilária é o jeito que o Lobster morre, caindo feito uma jaca para trás.
Jogabilidade boa, dificuldade "acostumável" - dessas que você vai aprendendo o jogo aos poucos, recomecei do zero um sem número de vezes nessa jogatina e aprendi que não morrer é o caminho - chefes bacanas (o Mandara está entre meus favoritos de todos os tempos) e a música... Ah, rapaz, a música desse jogo...
Sempre a achei memorável pra caramba, tem temas aqui que estão cravados nos neurônios desde a mais tenra idade e possivelmente nunca sairão de lá. O detalhe é que, dessa vez, eu joguei com o FM no emulador ligado; é inacreditável como é possível que elas fiquem melhores ainda. Mesmo os pequenos temas, como o de passagem de fase e o de morte, são ainda mais sensacionais assim.
Tendo tirado esse delicioso peso da minha vida de jogatina por conta do desafio, achei que era melhor equilibrar o karma e pegar um menos favorecido da lista para dissecar...
Street Fighter II'
Uma coisa a gente precisa deixar bem clara: a Tec Toy tinha a melhor das intenções para com este jogo. Ele poderia ter todos os defeitos do mundo (e ele tem quase isso), mas a intenção de saudar os usuários do Master com um port de um dos melhores jogos da história foi e sempre será algo louvável. Minha admiração pela TT em relação a ele aumentou ainda mais depois da história da trollada que Stephano e cia. deram no cara da Capcom, fingindo que era um um jogo de Mega e só depois revelando ser de Master
Apesar das boas intenções, o jogo é meio tenebroso. Visualmente, dá para sentir o console meio que gemendo por conta de suas entranhas estarem sendo apertadas e retorcidas ao máximo, passando ainda bem longe do jogo original mas ainda assim sendo superior aos jogos piratas do NES na época - mesmo com as estranhas sombras que fazer os personagens parecerem flutuar. As músicas não aproveitam tanto do potencial do console, embora as vozes sejam muito boas. Entretanto, é justamente no quesito mais imperdoável que
SFII' falha com força: a jogabilidade. A versão arcade não foi o primeiro jogo de luta da história, como até o próprio algarismo que acompanha o nome evidencia; apesar disso, ele foi o jogo que criou o padrão de suavidade e resposta nos comandos que permitiu que hoje vocês e eu pudéssemos desfrutar desse gênero maravilhoso que é a pancadaria pura e simples. Algo solenemente ausente aqui.
É aquela história: não dá para querer uma complexidade de comandos superior a
Karateka e
Ye Ar Kung Fu em um jogo de luta oito bits. Basta lembrar por exemplo de
Masters of Combat, também muito bem intencionado mas com golpes estranhos que travam a jogabilidade um pouco - ainda assim, a coisa funciona ainda melhor lá no torneio do prefeito do que aqui no jogo em questão. É cabuloso conseguir efetivamente fazer os golpes, guardada a devida exceção para os que exigem apertar seguidamente um botão - sim, Blanka e Chun Li, isso é com vocês. Até acidentalmente é difícil sair algum golpe, eu consegui fazer uma mísera bolinha do nosso brasileiro favorito durante o jogo todo!
Assim, a estratégia toda se resume a alternar voadoras com golpes normais nos adversários, tentando fazer a maior quantidade de dano possível o quanto antes - visto que a limitação de golpes não vale para os personagens controlados pelo computador. Não é raro o Ken emendar dois hadoukens sem nem mesmo sair da posição do golpe, a bolinha do Blanka acertar mais de uma vez ou mesmo o Guile dar três facões seguidos, se deslocando bastante para frente em cada um deles. Não é lá também muito recomendável deixar o adversário te levar para um canto, dadas as esquisitices acima. Outra coisa estranha é o jogo só registrar dano a cada dois golpes, lembrando um pouco daquele esquema doido de ganhar experiência de
Miracle Warriors que eu nunca entendi muito bem. Eu até cheguei a achar que alguns acertos não eram registrados, mas realmente parece ter a ver com o par deles mesmo - além disso, os golpes não diferem muito em termos de quantidade de energia retirada, logo o negócio é não pensar muito e sair dando bicudas e murros nos caras e pronto. Bem diferente daquele esquema
Street Fighter 1 de dano absurdo dos movimentos especiais, por exemplo.
Ao meu ver, a única maneira de você seguramente se divertir (pelo menos um pouco) com o jogo é escolher a Chun Li ou o Blanka, não só pela semi-garantia dos golpes múltiplos funcionarem na maioria das vezes quanto pela apelação que você consegue fazer com eles. Com a nossa chinesinha coxuda, o negócio é alternar voadoras, chutes em pé e emendar os múltiplos, principalmente no canto da tela. No caso de adversários sem projéteis, como o Balrog (M.Bison), se você ficar parado usando os chutes, ele simplesmente vem para cima dos golpes. Já no caso dos Ryus e Kens da vida, o negócio é esperar um projétil, pular de voadora e aí fazer a festa no chão. Já no caso do nosso brasileiro típico, chega a dar pena dos inimigos... Tudo por conta do choque do personagem. Ele sai com menos facilidade que o correspondente da Chun Li, mas quando acerta o adversário, a animação de eletrocutamento o deixa aberto para outro golpe, de tão demorada. Levando em conta que o personagem também cai no chão após essa ceninha, dá para emendar uns "combos" (temos que usar com cautela o termo aqui) acidentais fantásticos ali. Algo hilário que me aconteceu foi acertar alguém com um choque, dar outro golpe no "esqueleto", a personagem cair e ao mesmo tempo eu usar o choque de novo: o sprite caído do inimigo simplesmente se elevou no ar e caiu novamente
Zerei o jogo com mais de um personagem a tela final não varia, como também não muda ao se colocar a dificuldade no hard. Sendo bem sincero, eu não vi diferença alguma no desafio entre os modos, tamanha a briga de foice na pinguela que é tentar fazer qualquer coisa ali. Eu não cheguei a ter contato com o port na época, visto que já não tinha mais o Master quando ele saiu, mas acho que teria um descontentamento semelhante ao com o
Mortal Kombat do console. Dez pela intenção, um pela execução
