Jogo #8 - Legend Of Illusion
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Esse arco-íris é uma bela citação do primeiro jogo, visto que ele é formado magicamente da mesma maneira
Por conta do
Mickey’s Ultimate Challenge de outro dia, acabei lembrando de um detalhe: embora tenha jogado
Legend of Illusion, o terceiro da trilogia clássica, nunca o fiz seriamente ou mesmo o terminei. Eu o conhecia daquelas experimentadas sutis de emulador, quando você pula de um jogo para o outro sem compromisso. Tudo o que eu me recordava era que se tratava de um bom título, na linha dos anteriores
Castle e
Land of Illusion, e de que eu havia gostado do que vira.
A jogatina à sério confirmou essa impressão. Embora notavelmente inferior aos seus antecessores,
Legend of Illusion honra o nome que tem e pode ser colocado entre os títulos de plataforma mais interessantes do Master. Embora não seja esta a razão pelo qual ele custa uma fortuna hoje em dia, a culpa disto sendo a sua suposta raridade de jogo tardio e exclusivamente tupiniquim do console, vale a pena ir atrás dele para uma experimentada, vale a provável hora e meia para terminá-lo. Dito isso, o jogo tem um problema sério, que eu realmente não sei se é dele ou do meu controle. A gente chega lá, como sempre.
A trama do jogo é típica dos contos de fadas, a conhecida história de um tipo comum que realiza um feito extraordinário e muda não só o próprio destino mas também o do mundo. Em um reino encantado, o rei e escroque João Bafo de Onça é surpreendido pela profecia contida em um pergaminho antigo que terá que empreender uma viagem perigosa para acabar com uma maldição que assola o reino e sua população. Tentando tirar o seu da reta, ele resolve nomear um humilde servo da lavanderia do castelo como “rei honorário” – visto que só um monarca poderia acabar com a tal praga – para ir em seu lugar. Já de cara nosso desafortunado Mickey percebe que se trata de uma fria, mas decide fazer o que é melhor para seu povo e resolver a situação, indo atrás de um rei de verdade em algum castelo vizinho para acabar com a maldição - a determinação dele durante todo o jogo é notável, vale a pena ressaltar. Nesse meio tempo, o Rei Bafo é surpreendido ao ver as linhas menores do tal pergaminho, que diz que quem resolver a situação catastrófica deverá ser nomeado rei. Aí o bicho pega, literalmente
Os gráficos estão na linha dos antecessores, o que é bom tanto para o design do Mickey quanto para os bonitos cenários. Dá para perceber uma saudável influência de
Super Mario 3 aqui e ali, seja em gráficos, na tela do mapa principal – infelizmente não explorável - e em detalhes aqui e ali. Alguns elementos chegam a surpreender, como o comportamento de algumas folhas, o paralaxe da fase do deserto, uma fase de shmup, o detalhe do Mickey tirar o chapéu para nadar e até um par de espelhos que fazem as vezes da arma de
Portal em uma passagem bem interessante. Embora se apresente meio óbvia nas cutscenes com fontes grandes demais, a sensação de “portado do Game Gear” é bem menos evidente do que em
MUC, visto que os gráficos estão em um tamanho usual para o Master. Só fica evidente a herança do portátil nas transições verticais de tela, que ao invés de serem fluidas são no esquema “congela personagem, desliza tela, continua ação” – em alguns pontos você vai perder energia por isso graças a inimigos do qual não temos visão. A música é boa, mas nada memorável como a de
Castle of Illusion (sim, é injustiça comparar qualquer jogo com ele nesse sentido), soando em alguns momentos até meio triste. Vai ver é culpa da tal maldição...
No que diz respeito à jogabilidade, a infeliz novidade é a ausência da bundada/pisão, aqui substituída por um estoque infinito de sabões(!) que podem ser arremessados nos adversários. Isso diminui um pouco o ritmo do jogo por conta do limitado alcance e da trajetória dos saponáceos, mas com o tempo você se acostuma. Objetos podem ser agarrados e arremessados como antes, continuando a ser algo bem útil para prosseguir nas fases. Um detalhe é o fato de você ter que pegar às vezes objetos que não estão à sua frente, mas sim em um plano superior ou no ar. É meio complicado pular direcionado ao objeto e apertar o mesmo botão dos disparos para tal, quase nunca dá certo. Não sei se é um defeito do jogo ou uma característica do direcional do Xbox, que não está livre de suspeita. Poderia ser um detalhe bobo, mas faz parte justamente do maior problema do jogo...
Legend of Illusion, de maneira geral, é um jogo bem fácil – só fui perder a primeira vida no penúltimo chefe. As fases são curtas, bem intuitivas e a maioria apenas exige que você chegue ao final, eventualmente pulando em um cipó, usando uma pedra como base para um pulo mais alto ou abrindo caminho em um puzzle simples. Os chefes dos estágios também não apresentam grandes desafios a princípio, mas são bem variados e com excelentes animações. As batalhas tendem a ser divertidas e também instrutivas, visto que a forma de fazer dano nos inimigos vai ficando progressivamente mais difícil e exigindo cada vez mais dedicação. Nos primeiros chefes, basta desviar de alguns ataques e acertá-los nos intervalos. Entretanto, nos posteriores os momentos nos quais ficam vulneráveis precisam ser descobertos. Um exemplo excelente é o penúltimo chefe, meu favorito do jogo, um feiticeiro com três variados ataques. Após ser derrotado, ele muda de forma e vira um dragão invulnerável, que ainda por cima conta com uma bola de espinhos deixada na tela pela forma anterior. Descobrir como derrotá-lo é divertidíssimo, visto que nenhum ataque seu em momento algum vai fazer dano. O jeito é improvisar, contar como seria um baita spoiler e tiraria boa parte da graça de chegar até aqui.
Aí, depois dessa luta e de mais uma fase, somos apresentados ao grande pepino de
Legend of Illusion
Lembra que eu falei que agarrar coisas acima de você ou no ar era meio complicado? Adivinha qual é a forma de matar o maldito último chefe do jogo? Exatamente, usando esse movimento para pegar no ar bombas lançadas em duas variantes de parábola por ele e devolvê-las, causando assim dano. Não dá para pegar as bombas do chão, visto que elas explodem ao tocar o solo e soltam duas ondas de fogo que ferem Mickey. Na quase totalidade das vezes, você aperta o botão mais direcional no ar para pegar a bomba em uma altura específica, mas acaba lançando um sabão e caindo juntamente com ela no chão, tomando dano. Chega a ser irritante, porque você tem a ideia exata de como fazê-lo (sabe arremesso aéreo da Chun Li? Exatamente aquilo!) mas o controle simplesmente não obedece. Eu gastei meia dúzia de continues – sim, continues, não vidas – até conseguir errar menos e acabar com o chefe. Novamente: desconfio que possa ter alguma coisa a ver com o direcional do Xbox, mas existe uma possibilidade muito grande que possa ter a ver com a mecânica do próprio jogo. No eventual dia em que eu conseguir um
LoI que não esteja valendo o preço de dois rins e um pulmão no mercado negro, eu tento com um joystick do próprio Master e tiro essa dúvida. Opiniões de quem já terminou o jogo também são válidas
Apesar desse contratempo, este aqui vale muito a pena
EDIT: acho que o problema é da mecânica do jogo mesmo, olha que comentário interessante achado na net:
That last boss battle is crap, grabbing those bombs is far too finicky for what it's worth.
Aí procurei mais um pouco e achei um vídeo da batalha final (em spoiler abaixo para evitar, ãh, spoilers) para quem quiser sentir o drama da coisa. O outro vídeo de longplay do jogo que eu achei é obviamente um TAS - o próprio cara do canal admite usar save/load em outros vídeos - e por isso o Mickey não erra uma bomba. Aqui temos a realidade da coisa, a partir de 2m11s: