Esta discussão toda não existe por causa do mercado brasileiro. Pelo menos, não apenas por essa fatia. Isso porque o foco maior das gigantes dos games focam muito mais os países como os Estados Unidos, Inglaterra e Japão. Não estou dizendo que os gamers brasileiros são desprezados (afinal, muitos títulos já possuem dublagem em português brasileiro, por exemplo). Mas talvez as restrições comerciais, impostos e a pirataria ainda sejam grandes fatores restritivos para o desenvolvimento deste mercado em território verde e amarelo.
Tá, mas então, como funciona este mercado de venda e troca de games usados nos Estados Unidos? Foi pensando nesta pergunta que fomos atrás de representantes das principais lojas de games da terra do Donald Trump.
É fácil encontrar lojas como a Game Stop em qualquer esquina, mesmo em cidades pequenas. Visitei algumas unidades nos estados de New York, Geórgia, West Virginia, Carolina do Norte e Virginia, nas regiões metropolitanas e na capital Richmond, e a coisa funciona da forma mais profissional e simples possível: Os jogos novos são baratos, os usados são mais baratos ainda e em quase todas as lojas, de diferentes franquias, existem planos de fidelidade, personalização de avisos e descontos.
Você pode levar seus jogos usados e vender, ou trocar por jogos novos. Evidentemente o valor pago por eles é baixo, e depende da qualidade do disco/cartucho, se há ou não a caixa, encarte, e a raridade do item. Quase nenhuma novidade em relação às lojas brasileiras que fazem algo parecido com isso, eu sei. Mas além da quantidade de estabelecimentos comerciais disponíveis, e do volume de jogos comercializado, cheguei a comprar um Rock Band dos Beatles para o PlayStation 3 por US$ 4,99. Apenas para citar um exemplo.
Para tentar evitar problemas como a receptação de jogos roubados, toda compra de jogos é feita mediante a apresentação de documento pessoal. Muitas lojas, como a Tech Exchange e a Play N Trade, fazem um cadastro guardando uma cópia do documento apresentado.
A Game Stop, que é uma rede gigantesca, trabalha mais com jogos atuais, do Xbox 360, Xbox One, PS3, PS4, Vita, Wii U e Switch. Já em franquias menores, podemos encontrar facilmente videogames como o Master System, Atari, Nintendinho, SNES, Game Cube, N64, PS1, Mega Drive, Sega CD e outros modelos, todos testados, com todos os cabos e funcionando. Os produtos passam por limpeza e uma bateria de testes. Cada um deles custa, em média, US$ 35.
Segundo Keff Lawrence, Retro Gaming Expert da Play N Trade, o mercado de jogos usados cresceu muito nos últimos anos, parte por causa do saudosismo dos gamers dos anos 80 e 90, parte por uma espécie de onda de colecionadores do ramo. Mas a variável mais complicada da equação não são os consoles, e sim encontrar gente disposta a vender seus cartuchos.
Principalmente os jogos mais aclamados e, obviamente, mais procurados. Claro, River Raid, Pac Man e outros títulos mais comuns do Atari, por exemplo, podem ser comprados a US$ 1. De Mega Drive, NES e SNES, a US$ 5. Mas os clássicos como The Legend of Zelda (nos cartuchos dourados), Chrono Trigger, Smash Brothers e Mario Kart podem chegar a custar US$ 30.
Uma das raridades que já passaram pelas prateleiras da Play N Trade foi uma unidade do Super 3D Noah’s Ark (1994), um jogo não licenciado, desenvolvido para o Super Ni***ndo e o DOS, pela Wisdom Tree. Além disso, é comum que os gerentes das filiais enviem fotos para a matriz da empresa, exibindo coleções inteiras, que podem chegar a custar mais de US$ 800.
Nos Estados Unidos, os consoles mais procurados pelos gamers old school são os da Ni***ndo, desde o NES até o Ni***ndo 64. O foco principal são títulos com personagens do universo do Mario e Zelda. Segundo Lawrence, as filiais de outras localizações da América Latina, como Panamá, registram mais vendas de PS1 e PS2.
Com a popularidade dos jogos retrô, a faixa de idade de possíveis consumidores aumenta bastante. Para a maioria de nós, o Atari é um videogame antigo, mas já existem adolescentes que consideram o Game Cube um console retrô. E esse tipo de comportamento vem aumentando. Segundo o especialista, esta não é uma moda passageira:
No Brasil a gente consegue encontrar algumas empresas que fazem o comércio de jogos de videogames usados, mas os preços ainda são altos, principalmente os consoles. A existência de lojas físicas é rara e a disponibilidade de títulos é muito baixa. Pode-se tentar algo na base da compra de pessoa física, em sites de leilão (que se não for feito com cuidado pode ter um desapontamento).“Daqui a alguns anos o Xbox 360 e o PS3 serão considerados videogames antigos, e existirão colecionadores procurando por eles, além de gente atrás dos melhores jogos de sua infância“. E completa: “Videogames se tornaram parte da nossa cultura, e é da nossa natureza querer compartilhar coisas que gostamos com as futuras gerações.” – Faz todo sentido pra mim.
Você acha que uma franquia de loja de games retrô faria sucesso no Brasil? Na sua opinião, qual seria um valor aceitável para jogos de videogames antigos? isso se você for um colecionador de games.
Fonte: Adrenaline